Apaixonados por yoga

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segunda-feira, 5 de maio de 2014

Yoga Nidra, o que é ?

YOGANIDRA

O termo yoganidrá é derivado de duas palavras Sânscritas,
 Yoga significa união ou consciência intencional, e Nidrá significa sono.

A yoganidrá, que é derivada do tantra, é uma técnica poderosa na qual você aprende a relaxar conscientemente. 
Na yoganidrá, dormir não é considerado relaxamento. 
As pessoas sentem que estão relaxando quando caem em uma cadeira com uma xícara de café, uma bebida ou um cigarro, lendo um jornal ou ligando a televisão. 
Mas isto nunca será suficiente para uma definição científica de relaxamento. Estes são apenas desvios sensoriais. 
O relaxamento verdadeiro é, na verdade, uma experiência muito além desta. 

Para um relaxamento absoluto, você deve permanecer consciente. 

Isto é yoganidrá, o estado do sono dinâmico.

A yoganidrá é um método sistemático para induzir o completo relaxamento físico, mental e emocional.


Durante a prática de yoganidrá, nós parecemos estar dormindo, mas a consciência está funcionando em um nível profundo de conhecimento. Por este motivo, a yoganidrá é normalmente mencionada como o sono médium ou relaxamento profundo com consciência interior. Neste estado de limiar entre o sono e despertar, o contato com as dimensões do subconsciente e do inconsciente ocorre espontaneamente.

Na yoganidrá, o estado de relaxamento é alcançado voltando-se para o interior, longe de experiências de fora. Se a consciência pode ser separada da consciência externa e do sono, torna-se muito poderosa e pode ser aplicada de várias maneiras, por exemplo, para desenvolver a memória, aumentar o conhecimento e criatividade, ou transformar nossa natureza.

No rája yoga de Pátañjali, há um estado chamado pratyáhára onde a consciência mental e espiritual são desassociadas dos canais sensoriais. A yoganidrá é um aspecto do pratyáhára que leva ao mais elevado estado de concentração e samádhi.


Depoimento: 
O nascimento da yoganidrá

Há 35 anos, quando eu estava vivendo com meu guru, Swami Sivananda, em Rishikesh, tive uma experiência muito importante que engatilhou meu interesse no desenvolvimento da ciência da yoganidrá. Fui designado para vigiar a escola Sanskrit onde meninos estavam aprendendo a entoar o Vedas. Era meu dever permanecer acordado a noite toda, para vigiar a escola enquanto o acharya estivesse fora. Às três da manhã, eu costumava dormir profundamente e, às seis, eu levantava e voltava ao ashram. Nesse meio tempo, os meninos acordavam às quatro e entoavam as orações Sanskrit, mas eu nunca os ouvia.

Algum tempo depois, meu ashram teve uma grande função, e os meninos da escola Sanskrit foram chamados para entoar os mantras védicos. Durante a função eles recitaram certos slokas que eu não conhecia, embora eu sentisse de alguma forma que eu os tinha escutado antes. Enquanto eu ouvia esse sentimento cresceu, e eu tentava em vão lembrar onde e quando eu os havia ouvido. Eu estava certo de que eu nunca os havia lido ou escrito, embora soassem tão familiares para mim.

Finalmente, decidi perguntar ao guru dos meninos, que estava sentado próximo, se ele poderia explicar o significado do que eu estava sentindo. O que ele me disse mudou completamente minha perspectiva sobre a vida. Ele disse que este sentimento de familiaridade não era uma surpresa, já que meu corpo ouvia os meninos entoando os mesmos mantras muitas vezes enquanto eu dormia na escola. Isto foi uma grande revelação para mim. Eu sabia que o conhecimento podia ser transmitido diretamente através dos sentidos, mas a partir desta experiência eu percebi que você também pode ganhar conhecimento diretamente, sem qualquer meio sensorial. Este foi o nascimento da yoganidrá.

A partir dessa experiência, mais idéias e estalos vieram-me à cabeça. Eu percebi que dormir não era um estado total de inconsciência. Quando você está sonolento, há ainda um estado de potencialidade, uma forma de consciência que está desperta e totalmente alerta a situações de fora. Descobri, com o treinamento da mente, que é possível utilizar este estado.

A origem tântrica

Após esta descoberta, comecei a estudar as escrituras tântricas de forma diferente. Encontrei muitas práticas importantes, mas pouco conhecidas, que me interessaram muito. Após praticá-las comigo, decidi construir um novo sistema chamado yoganidrá, que incorporaria a essência destas práticas sem ter as desvantagens de rituais complicados.

A principal característica da yoganidrá era a rotação sistemática da consciência no corpo, originada da prática tântrica do nyasa (que significa “colocar” ou “elevar a mente àquele ponto”). O nyasa era praticado em uma postura sentada e envolvia a utilização de mantras específicos, que eram colocados ou experimentados em diferentes partes do corpo. Primeiro, o nome da parte era mencionado, então era visualizado ou tocado, e o mantra era colocado lá. O nyasa era uma maneira de consagrar o corpo físico estimulando o conhecimento avançado ou a consciência divina nas várias partes durante as práticas do ritual tântrico. Por exemplo, o Angushtadi-Shadanga-nyasa foi utilizado para colocar mantras na mão, conforme segue:

- Polegar: Hram angushtabhyam namah
- Dedo indicador: Hrim tarjanibhyam swaha
- Dedo médio: Hrum madhyamabhyam vashat
- Dedo anelar: Hraim anamikabhyam vashat
- Dedo mindinho: Hraum kanishthabhyam vaushat
- Palma e costas da mão: Hrak karatalaprishtabhyam phat

De forma semelhante, no Hridayi-Shadanga-nyasa, certos mantras são colocados em várias partes do corpo.

A atual forma de yoganidrá, que eu idealizei, permite que as pessoas que não estejam familiarizadas com os mantras Sanskrit tenham todos os benefícios do nyasa tradicional. Pode ser praticado por pessoas de qualquer religião ou cultura. No começo eu costumava chamar esta prática de “sono yógico”, mas agora eu tenho mais consciência das potencialidades da yoganidrá e acredito que a yoganidrá nada mais é do que a yoganidrá. Se você pedir que eu traduza a yoganidrá para o francês ou o espanhol, eu diria “yoganidrá”. É uma prática internacional.

Experiências com yoganidrá

Desde a idealização da prática, tenho feito vários experimentos para validar estas idéias. Primeiro eu tentei em mim, e depois em diferentes pessoas. Eu até tive sucesso ao treinar um cachorro Alsatian. Depois, experimentei com alguns de meus discípulos e com muitas crianças, dando a elas conhecimento, experiência e instruções enquanto elas estavam dormindo profundamente.

Uma das experiências mais interessantes foi com um menino que se apresentava como meu ashram para sannyasa. Eu queria mandá-lo para a escola, mas ele recusava-se. Ele era um menino muito travesso, um macaquinho absoluto. Todo dia ele quebrava coisas, constrangia visitantes e causava acidentes. Finalmente, ele tornou-se tão responsável com o ashram que eu decidi tentar a yoganidrá nele.

Comecei entoando o capítulo 15 do Gita para ele por treze minutos depois que ele dormia. Então, quando ele acordava de manhã, eu o fazia ler o capítulo, o que ele fazia, claro, sem pensar. Depois de uma semana, ele recitava o capítulo de cor. Após este sucesso, fui adiante com outros textos, e, desta forma, consegui ensiná-lo sobre Srimad Bhagawatam, Upanishads, Bíblia, Corão, Inglês, Hindu, Sanskrit, tudo o que eu sabia, enquanto ele dormia.

Agora que o garoto tem vinte e um anos eu o enviei aos Estados Unidos. Ele fala sete línguas, e escreve e lê em inglês melhor que eu, mesmo ele nunca tendo ido à escola. Todo seu estudo e aprendizado foi feito no período de dois anos, quando eu dei-lhe a yoganidrá, e ele sequer lembra disso.

Logo depois disso, eu fiz outra experiência. Trinta pessoas estavam praticando a yoganidrá e aproximadamente dez delas estavam roncando. Naquela hora eu as instrui, “Quando eu disser Hari Om Tat Sat você deve levantar-se”. Repeti duas vezes. Quando a yoganidrá terminou, eu disse “Hari Om Tat Sat” e todos levantaram, mesmo aqueles que estavam roncando. Eu perguntei a eles como eles haviam acordado. Eles disseram “De repente”. Eles não ouviram o último Hari Om Tat Sat, nem mesmo aquele no meio da prática, mas de alguma forma eles seguiram minhas instruções. Agora, este é um fator muito significativo. Isto significa que, mesmo que você esteja dormindo, você está consciente e alerta.

A partir destas experiências, eu tirei minhas próprias conclusões. O sono profundo não pode ser sono total. Talvez quando você estiver em sono profundo à noite você tenha mais consciência, mais potencial do que quando você está em estado dormente. Isto significa que você aprende mais quando você está dormindo do que quando você está acordado, e isto é como nós estamos utilizando a yoganidrá para a evolução da mente.



A técnica de relaxamento do Yoga nos induz a um estado interior onde o corpo físico se encontra completamente descontraído, a mente se ocupa com imagens positivas e não nos envolvemos com emoções conturbadas. 
Nesse estado procuramos permanecer acordados e a consciência está, plenamente, desperta.
No nível físico, o relax produz a total descontração da musculatura. 
As emoções e preocupações cotidianas produzem contrações musculares, que podem se tornar crônicas. Através da localização da consciência e da mentalização, você elimina a tensão excessiva de cada parte do corpo. Além disso, o relax, após a prática de Yoga, nos auxilia a assimilarmos a energia e os benefícios produzidos pelos outros exercícios. Isto acontece, porque ao descontrairmos, permitimos uma melhor circulação da energia.
Essa técnica atua, também, no plano emocional. 
Ao entrarmos em relaxamento, nos distanciamos de problemas e emoções desarmonizadas, espairecendo a mente e conseguindo olhar os fatos de uma maneira mais objetiva. Relaxando, conferimos ordem aos pensamentos.
Na esfera mental, o relaxamento ativa o cérebro, dando maior rapidez e mais clareza ao raciocínio. Os passeios que fazemos pelas paisagens da mente estimulam a criatividade e abrem caminho para explorarmos novas potencialidades. Com os pensamentos tranqüilos, somos capazes de penetrar num profundo estado de paz interior.
Durante o relax, é muito comum experimentarmos sensações incômodas. Algumas vezes parece que existe uma formiga andando sobre a pele. Em outras ocasiões, sentimos uma irresistível coceira no nariz e algumas pessoas relatam que têm vontade de se levantar, pois sentem muita ansiedade no relax. Tudo isso é natural, pois não estamos habituados a ficar "parados", mas essas sensações desaparecerão se você persistir na prática. Nossa sociedade valoriza demais a atividade. O que conta é produzir, fazer e acontecer. Assim, nosso cérebro fica programado para constante atividade e não nos permite nem um minuto de descanso. Quando paramos para descontrair, ele nos bombardeia com coceiras, imagens desconexas, inquietude etc. Porém, onde está escrito que não temos direito a relaxar? Quem decidiu que a descontração é um pecado? Vamos começar a reconhecer o valor do relaxamento e da "passividade", pois é durante esse estado, que surgem as idéias mais brilhantes e as soluções mais criativas. Se a atividade no mundo objetivo é importante, teremos que reconhecer que ela é, na verdade, apenas o fruto da atividade interna, que alcançamos quando relaxamos.
Outra dúvida freqüente é se podemos dormir no relaxamento. É melhor não. Não que haja algum problema em dormir, mas se você adormecer ou deixar o pensamento disperso, estará perdendo todas as mentalizações e reprogramações positivas que fazemos nesse exercício. Para permanecer acordado, basta que você se concentre na voz do instrutor. Participe, ativamente, do relax, criando as imagens e experimentando as sensações que ele indicar.
A melhor maneira de relaxar é quando um instrutor conduz a prática Ou com uma gravação.  Mas você pode usar as técnicas abaixo, se preferir.
O Yoga Nidra, uma técnica criada por Swami Satyananda Saraswati, da Bihar School of Yoga, é uma das mais requintadas maneiras de alcançar o estado de relaxamento profundo.  Veja o cd Yoga Nidra, gravado por Anderson Allegro com essa técnica.
Uma forma de fazer um relax rápido é:
  • Visualizar uma paisagem que você conheça ou não. Crie o máximo de detalhes possível e sinta-se nesse lugar.
  • Imaginar que você está em uma sala preenchida por luz azul.
  •  Você inspira essa luz, deixa que ela relaxe seu corpo e a devolve para o ambiente, expirando.
  • Sentir-se flutuando no espaço tal qual uma ave.

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